Paris tem tudo para ser um cenário de férias perfeitas: considerada um dos mais belos destinos da Europa, a capital francesa encanta com seus museus, igrejas, restaurantes e paisagens às margens do rio Sena. Porém, como toda metrópole, a cidade tem algumas armadilhas que podem dar dores de cabeça para o turista.
Para não transformar o sonho de conhecer Paris num pesadelo, confira sugestões para não se dar mal durante a estadia na capital francesa (os preços mencionados na reportagem estão sujeitos a alterações).
1- Verão ou não?
Nos meses de julho e agosto, auge do verão, a maioria dos franceses em férias deixa a cidade, que fica ainda mais lotada de turistas. Nesse período, endereços comerciais de quarteirões inteiros funcionam em horário restrito ou fecham as portas por até 30 dias (eles param de trabalhar mesmo!). Com isso, perde-se a chance de conhecer boulangeries (pães), patisseries (doces) e fromageries (queijos), além de boa parte dos pequenos estabelecimentos que vendem os produtos mais interessantes.
Parte da programação cultural, com destaque para a musical, também se transfere para outras paradas, como Marselha. Por outro lado, é a época em que há uma “praia” ao longo do rio Sena, sessões de cinema e concertos ao ar livre em parques e praças, entre outras dezenas de atividades criadas especialmente para aproveitar o calor.
Colocando na balança, vale curtir as últimas semanas de agosto e as primeiras de setembro, quando os parisienses voltam do recesso, bronzeados e de bom humor, e a vida cultural e gastronômica ferve. Para quem está em dúvida sobre a data da viagem, os melhores meses para visitar a capital francesa são maio, junho e setembro.
2- Hospedagem sem drama
É preciso ter muito cuidado para não cair em ciladas ao reservar um quarto de hotel ou alugar um apartamento. Uma das roubadas mais comuns é o “chambre de bonne”, como são chamados os quartinhos que ficam no sótão dos prédios, antigos aposentos destinados aos empregados. Além de minúsculos, eles são muito, muito quentes no verão e gelados no inverno. Para completar, em alguns deles o banheiro fica no corredor.
Banheiro externo, aliás, é muito comum. Portanto, antes de alugar um apartamento, ou mesmo reservar um hotel, certifique-se de que a “salle de bains” está no interior.
Além disso, questione qual o andar do imóvel e se há elevador. Se a temporada for de inverno, questione também se há aquecimento e vidros duplos nas janelas. Os hotéis pequenos ou os aluguéis de apartamento por temporada pelo site Airbnb estão entre as melhores opções de hospedagem. As grandes redes, como Ibis, costumam praticar o mesmo preço dos hoteizinhos, mas são distantes do centro.
3- Brasserie, o charmoso boteco da esquina
Guardadas as devidas proporções, as brasseries estão para Paris como os botecos estão para os brasileiros. Ou seja, um lugar prático, indicado para beber, petiscar e comer pratos clássicos e populares, que funciona de segunda a domingo, o dia todo, em alguns casos fechando depois da meia-noite.
Mas quem vê cara não vê cozinha e, tal qual a diversos pé-sujos, a comida pode não agradar. Pior, há pratos que decepcionam e são caros. Na dúvida sobre o local, vá de receitas simples, como os clássicos pato com batatas, frango rôti (assado) ou entrecôte com fritas.
Há, no entanto, brasseries que oferecem pedidas certeiras, como nossos melhores botecos chiques. Entre elas, endereços chiquérrimos como a Julien (rue du Faubourg Saint-Denis, 16), uma das mais bonitas da capital francesa, famosa por sua decoração art nouveau. Na lista de imperdíveis entra ainda a La Coupole (Boulevard du Montparnasse, 102), a preferida de artistas como Picasso e Jean-Paul Sartre, e a Le Rostand (place Edmond Rostand, 6), cuja vista são os Jardins do Luxemburgo.
4- Vá de prato feito
Fazer uma refeição em Paris é tão caro quanto em qualquer restaurante de São Paulo. Mas é possível driblar os preços altos sem ter de comer sanduíche todos os dias. A solução para isso são os menus executivos, ou “formule”, como a combinação é chamada. Elas são servidas principalmente no almoço, mas é possível encontrar também um preço fechado por entrada, prato principal e sobremesa no jantar, em diversos restaurantes “gastronomique”, que, à noite, cobram em torno de 40 euros por esse cardápio (cerca de R$ 130,00).
Ao meio-dia, o valor cai para, em média, de 11 a 18 euros (R$ 35 a R$ 57, aproximadamente) por entrada mais prato principal ou prato principal mais sobremesa, e pode incluir ainda uma taça de vinho ou um café.
Essas sugestões nem sempre estão listadas no menu regular, portanto, vale sempre perguntar ao garçom pelo “plat du jour”. Se a ideia é economizar na refeição e gastar nas compras, prefira a opção “à emporter” (para viagem) do que “sur place” (comer no local), que costuma ter desconto. Na mesma linha, evite os restaurantes ao redor de pontos turísticos como o museu do Louvre ou a catedral de Notre Dame, que cometem preços exorbitantes.
5- Compre como um francês das antigas
As redes de supermercados Franprix, Monoprix e Carrefour estão espalhadas por toda a cidade, mas a qualidade de seus produtos costuma ser inferior a dos vendidos nos pequenos comércios. Para sentir-se como um verdadeiro gourmet, é preciso comprar cada coisa em seu devido lugar. Os melhores pães estão nas boulangeries, bem como os doces, nas pâtisseries, e os queijos, nas fromageries.
Os marchés, pequenas versões de nosso “mercado municipal”, são opção para economizar tempo, pois reúnem todos esses itens num mesmo espaço. Um dos preferidos dos parisienses fica na rue d’Aligre (estação de metrô Ledru Rollin). Ali, há bancas com sugestões apetitosas e, para completar, na rua em frente ao mercado, de terça a domingo, até as 14h, ocorre uma feira livre que não deixa nada a desejar às brasileiras.
Por fim, os mercados naturebas são moda entre os franceses. Chamados de “bios”, dedicam-se aos orgânicos, de enlatados e vinhos a frutas e legumes. Também possuem variada oferta de pães e massas sem glúten e lactose, chocolates 100% cacau etc.
6- Decida-se antes de encarar a fila
Nem todos os franceses são antipáticos. Eles podem não ser calorosos como os baianos, por exemplo, mas boa parte deles está longe da caricatura ranzinza que os persegue mundo afora.
Além disso, nada como um sorridente “bonjour” para desfazer qualquer ponta de mau humor. No entanto, não os provoque: eles não têm a menor paciência para indecisos.
Portanto, escolha o que quer levar antes de entrar na fila para comprar um produto. Em horários de pouco movimento, os vendedores frequentemente têm boa vontade para explicar qual a diferença entre as dezenas de queijos e doces da vitrine ou se o vinho escolhido combina com a ocasião. Mas, se uma fila se formar atrás de você, seja rápido.
7- Cuidado para não comprar vinagre por vinho
Seja para beber durante a estadia na cidade ou para levar de presente, o melhor é sempre comprar vinhos nos supermercados ou nas “caves”, lojas especializadas que existem aos montes. Entre elas, a rede Nicolas oferece sugestões a preços que variam de 5 a 20 euros (há rótulos mais caros, mas não é preciso desembolsar uma fortuna para encontrar uma boa garrafa).
Nos supermercados, os preços são ainda mais baixos, mas é preciso conhecer para não levar vinagre por vinho.
Para os leigos no tema, vale pedir indicações antes de comprar ou apostar na “medalha”, uma marca atestando se o vinho foi premiado em um dos muitos concursos da categoria. Isso não quer dizer que se está comprando uma bebida imperdível, pois diversas boas marcas não participam desses concursos.
8- Evite filas em museus e monumentos públicos
Entre os preparativos da viagem, inclua a compra antecipada de tickets para os endereços mais concorridos, como os museus do Louvre e Grand Palais, o Palácio de Versalhes, a Torre Eiffel e a novíssima Fundação Louis Vuitton. Quem pretende fazer um tour completo pelas exposições deve investir no pacote Paris Museum Pass (www.parismuseumpass.com), que tem versões para dois, quatro ou seis dias (42 a 69 euros).
Mas, mesmo com o bilhete em mãos, ainda é preciso enfrentar fila para entrar em espaços mais badalados como o Louvre. Para ele, especificamente, a dica é ir ao acesso do metrô Palais Royal-Louvre, portaria menos conhecida. A entrada da Porte des Lions, no sentido contrário ao da pirâmide, também costuma ser mais tranquila. No caso da Torre Eiffel, ao comprar o ingresso pela internet é possível reservar o horário e subir sem pegar fila. O mesmo vale para o Castelo de Versalhes: com bilhete na mão evita-se a espera.
Outra sugestão é madrugar. Na parte da manhã, próximo do horário de abertura, as filas são menores. Mas, atenção, evite às quartas-feiras: esse é o dia em que as escolas francesas costumam levar as crianças para conhecer esses lugares.
9- Metrô sem drama
O metrô é o meio de transporte preferido dos turistas, que vira e mexe são pegos na “blitz do bilhete”. Como não há funcionários nas catracas conferindo quem paga ou não pela passagem, essa checagem é feita de surpresa, por uma dezena de fiscais, em algumas estações.
Ao ser parado, o usuário deve apresentar o passe utilizado na última viagem ou a carte navigo (a versão francesa do Bilhete Único). Quem por algum motivo não tiver em mãos um dos dois comprovantes, tem de pagar uma multa de 50 euros (cerca de R$ 160). Não adianta choramingar, dizer que não sabia, que está com a carteira cheia de bilhetes ou que tem dinheiro sobrando no bolso para comprovar que não burlou a lei. Os fiscais são impiedosos.
Também evite Châtelet, o equivalente à estação Praça da Sé, em São Paulo. Ali, é possível pegar as linhas 1, 4, 7, 11 e 14 do metrô, além de fazer conexões para alguns trens da RER. Parece tudo muito prático, não fosse esta parada um inferno de túneis, placas e corredores intermináveis.
10- Fique esperto com os batedores de carteira
Paris também tem seus batedores de carteira, a postos para tirar vantagem de turistas desavisados.
A regra para evitar dissabores durante a estadia é a mesma de toda a grande cidade: atenção dobrada aos pertences em pontos turísticos, como os arredores da Torre Eiffel; não deixar celulares, máquinas fotográficas e outros equipamentos eletrônicos dando sopa sobre a mesa de bares e restaurantes e manter a bolsa junto ao corpo nos transportes públicos e em aglomerações.
Estão na moda também as gangues de meninas, que se aproximam para fazer uma “pesquisa” ou com qualquer outra desculpa e realizam furtos. A linha 1 do metrô, acesso aos principais pontos turísticos, é a preferida dessa turma.
Fonte: Uol Viagem