Dez dicas para viajar de carona de modo mais seguro

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Depois de viajar de carona por quase dois anos pelo Brasil e por boa parte da América do Sul –e contar tudinho no blog Rosa dos Ventos-–  utilizando quase sempre de veículos alheios e da boa vontade de completos desconhecidos, decidi compartilhar algumas dicas e aprendizados que fui adquirindo ao longo do tempo com o dedão esticado na beira da estrada.

O que era inicialmente apenas uma forma de me mover de cidade em cidade gratuitamente acabou se transformando em mais uma grande experiência de vida, em uma oportunidade de auto conhecimento e de prática da paciência e da crença na bondade humana.

Então, se você está interessado em ter essa experiência ou apenas em conhecer um pouquinho mais suas cidades vizinhas sem gastar muito, te convido a ler as dicas abaixo e também minha página, a Rosa dos Ventos.

1 – Informação

Ter informação sobre os caminhos que vai percorrer, estudar o percurso a ser feito, seja pedindo informações a pessoas locais ou mesmo comprando um mapa das rodovias do país que você está por conhecer. Obviamente não é necessário saber as coordenadas geográficas de cada lugar onde passa, e muito menos carregar um GPS de última geração, mas saber os nomes das principais rodovias por onde vai passar e os nomes de algumas cidades no caminho é fundamental.
A necessidade dessas informações me parece bastante óbvia uma vez que ao percorrer distâncias muito grandes é bom se precaver e saber onde pernoitar, se existe alguma parada de ônibus onde se possa comer e tomar um banho por exemplo. Além disso, se algo der errado, como o caminhão quebrar ou um desvio na estrada, você pode se virar para seguir viagem ou ajudar o motorista que te levava.

2 – Local

Procure sempre um local que seja bom e seguro para você e para os motoristas, não adianta achar uma árvore frondosa que vai te aliviar do calor de 40° do Rio de Janeiro se esta belezura fica em plena curva acentuada. Os locais ideais são onde os motoristas têm tempo suficiente para te ver e decidir se vão ou não te dar carona, então procure estradas retas e com acostamento. Evite portanto pedir carona muito próximo das curvas ou em subidas e decidas, ninguém vai parar um carro/caminhão embalado para te dar carona nesses locais, nem se você for a Cléo Pires.
Se você estiver próximo a locais onde o motorista é obrigado a dirigir mais devagar, como em postos policiais e pedágios, aproveite-se disso e fique parado logo depois deles.

Com relação aos postos de gasolina eu não gosto muito, porque você tem que ficar andando de um lado para outro com sua mega mochila nas costas perguntando para onde cada motorista vai. Na beira da estrada, pára quem quer te ajudar, mas isso é gosto, vai de cada um.

Por fim a dúvida de muitos caroneiros; sim, é permitido pedir carona próximo ou em frente a postos policiais, muitos policiais até te ajudam parando os carros e pedindo para que eles te levem até seu destino ou próximo dele.

3 – Fuja das cidades

Isso mesmo, fuja dos grandes centros. As grandes cidades são “inimigas” dos caroneiros: as saídas das cidades são cheias de autopistas e carros super acelerados, tem sempre muita gente e você não consegue ser visto, os caminhões muitas vezes tomam rotas alternativas para desviarem do trânsito e você fica plantado esperando uma carona que, quando chega, demora muito.

A solução é descobrir um ônibus circular ou metrô que te leve para uma saída da cidade menos movimentada ou para uma cidade próxima que seja menor.

Se você está em São Paulo e quer ir até Foz do Iguaçu por exemplo, não adianta esticar placa e dedão no meio da Avenida Paulista, que ninguém vai te ajudar. Descubra um ônibus circular que te deixe em uma BR ou em um trevo fora da cidade e peça carona aí.

4 – Chamar atenção

Embora viajar de carona não seja algo tão corriqueiro quanto viajar de ônibus de linha, existe um monte de caroneiros competindo uma vaguinha naquele caminhão com você. Além de outros colegas caroneiros, existem outros automóveis, placas, animais e mais um mundo de coisas que desviam a atenção dos motoristas, que muitas vezes nem vão te ver na beira da estrada.

Portanto, chame a atenção para você; use placas com frases divertidas, chapéus coloridos, faça gestos e sinais… qualquer coisa que faça com que os motoristas te vejam.

5 – Identificação da carona

Se você faz a linha medroso/ansioso/psicopata mas quer porque quer viajar de carona, aí vai uma dica que pode tranquilizar seus dias na estrada, fotografe a placa do veículo que você está entrando, ou o próprio motorista, e envie a algum amigo ou parente.

Assim, se o carro quebra ou se você foi o azarado de encontrar um maníaco dentre zilhões de motoristas que pagam lanche, te deixam escolher a trilha sonora e ainda te dão dicas de lugares para conhecer,… a sua familia vai saber com quem você estava viajando.

6 – Siga seu instinto e tenha pensamento positivo

Isso mesmo, siga seu instinto e mantenha a positividade. Lembra aquelas coisas que papai e mamãe ensinaram sobre perceber se alguém é do mal, pois é, elas vão ser úteis na estrada.

Se você bateu o olho no motorista e sentiu uma energia estranha ou não simpatizou com seus olhinhos, simplesmente invente uma desculpa e não entre, é melhor fazer isso do que passar horas se sentindo desconfortável dentro de um carro/caminhão. Além disso mantenha o pensamento positivo. Isso parece um clichezão de filosofia mochileira barata, e é, mas dá certo. Pensar que você vai conseguir uma carona com uma pessoa agradável e que vai te levar bem perto de seu destino faz toda a diferença para você e pros outros, ninguém dá carona pra uma pessoa desanima da vida e emburrada na estrada.

7 – Placa ou dedão?

Enquanto eu viajava sozinha eu nunca usava placa, mas era por uma questão de preguiça e um pouco por praticidade também; preguiça porque ficar com os dois braços levantados, um com dedo esticado e outro com placa levantada, se torna bastante cansativo depois de algum tempo, e praticidade porque seria mais uma coisa para carregar além das minhas mochilas (a de carga e uma pequena), mas hoje uso e acho que funciona bem.

A placa é objetiva, ela avisa ao motorista para onde você quer ir e aí ele não para o carro a toa.

Muitos usam placas com o nome de seu destino final ou, caso a distância seja muito grande, com o nome de alguma cidade no meio do caminho, onde exista maior possibilidade de pessoas irem e te levarem. Portanto, papel e caneta são itens indispensáveis.

8 – Como se vestir

Esta dica é mais direcionada para o público feminino, uma vez que as mochileiras/caroneiras de primeira viagem tendem a manter hábitos de vestuário do dia a dia até se acostumarem com a vida de “sai do caminhão, pula na caçamba, joga mochila nas costas” e entenderem que a palavra de ordem é praticidade.

Portanto, como em qualquer viagem, procure ficar confortável, evite roupas apertadas ou curtas demais, bem como acessórios muito grandes e maquiagem, além de desconfortáveis eles podem despertar o interesse de homens que estão passando pela mesma estrada que você e que não querem simplesmente ajudar uma mochileira.

9 – Cantadas

Esta também é uma dica mais voltada para o público feminino, o que não significa que homens não sejam assediados e não possam se ligar nela.

As cantadas vão acontecer, principalmente se você está caronando no Brasil, é (infelizmente) algo cultural.
Se alguém te passa uma cantada, seja gentil e mude de assunto, pergunte sobre trabalho, fale de música, qualquer coisa, se ele tiver o mínimo de bom senso, vai parar, basta saber se impor. Se ainda assim o motorista cara de pau não se tocar, desça do carro e estique o dedo na estrada, você já fez isso outra vez, lembra?!

10 – Mantenha tudo a seu alcance

Coloque suas coisas sempre perto de você, se você está viajando na carroceria, coloque suas coisas lá também, se está ao lado do motorista, deixe as tranqueiras no banco de trás.

Isso vai facilitar a sua vida na hora de entrar e sair das caronas, e caso algo dê errado, você pode sair da carona com tudo que entrou, e rapidinho.

Fonte: Catraca Livre

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