O Fórum E-Commerce Brasil 2016 contou pela primeira vez com um painel sobre turismo. Essa iniciativa é apenas o início de uma conversa altamente relevante, já que o turismo mundial movimenta mais de US$ 600 bilhões online, representando 40% de suas vendas totais.
O turismo sempre foi pioneiro no comércio eletrônico. Em 1953, nasceu a primeira iniciativa para criar um sistema de reservas computadorizado, em um projeto conjunto da American Airlines e da IBM. Quase 10 anos depois, esse sistema foi ao ar, conectando agentes de viagens globalmente. Como desdobramento do projeto original, em 1996 foi lançada a primeira agência de turismo online (OTA), Travelocity. 20 anos se passaram, e o comércio eletrônico no turismo só cresceu.
Em 2016, o turismo online crescerá 15% na América Latina e sua penetração será de 30% sobre o total de vendas de viagens. O Brasil representa 33% desse mercado, com USD 18 bilhões em vendas totais e USD 5.6 bilhões em vendas online.
Enquanto o turismo total crescerá uma média de 3% nos próximos anos no País, o turismo online crescerá 12%, alcançando 48% de penetração em 2020. Ou seja, praticamente metade das vendas de turismo acontecerá de forma eletrônica em apenas quatro anos.
Dada a representatividade e crescimento das vendas online, a (des)intermediação é a grande discussão atual na indústria turística.
Do total de vendas em 2016, 19% acontecerão diretamente nos sites e plataformas dos fornecedores turísticos, como companhias aéreas, hotéis e locadoras de veículos, 16% via agências de viagens online, como Expedia, Booking, Decolar e Viajanet, e 65% ainda offline. Esses números variam bastante de acordo com os segmentos. As companhias aéreas vendem principalmente em seus canais diretos, enquanto hotéis são fortemente intermediados.
Para compreender melhor o que está acontecendo, é preciso saber que o cenário internacional das agências de viagens online é dominado por duas gigantes – Expedia e Priceline. Expedia conta com 34% do market share global e vendeu USD 59.7 bilhões em 2015. Já a Priceline vendeu USD 55.5 bilhões com 32% do mercado.
E elas devem continuar crescendo. Em 2015, houve forte movimento de consolidação, com ambas empresas adquirindo competidores regionais na Ásia, Europa e América Latina, além de empresas de outros segmentos, como aluguel de residências por temporada e reservas de restaurantes.
Na América Latina, surgem novos competidores a cada dia, sendo que Decolar, BestDay, Almundo, Hotel Urbano e Viajanet são alguns dos mais relevantes. O conjunto de OTAs latino-americanas vendeu USD 10.2 bilhões em 2015 e seu crescimento médio anual esperado é de 8% até 2020. Nada mau, certo?
Principalmente para a hotelaria independente, essas empresas e plataformas são muito relevantes no processo de distribuição, já que dão acesso global aos negócios locais. É possível ser vendido em qualquer parte do mundo, mesmo sendo um empreendimento único no interior do país.
Muitas redes hoteleiras também são fortemente distribuídas pelas OTAs, já que com esse tamanho tais empresas possuem incríveis verbas de marketing e anúncios, e sempre aparecem primeiro nos buscadores. Cientes da sua força, elas fazem pressão em seus parceiros comerciais, com exigências de paridade tarifária, aumento das taxas de comissionamento e uso da marca.
A briga é boa e dá pano para manga, mas é preciso ser estratégico. Gerenciar o mix de canais e segmentos, controlar inventário e tarifas e investir numa boa estratégia de relacionamento com o cliente final são formas de usar esses canais naquilo que eles oferecem de melhor, sem, entretanto, depender deles. Afinal, a gestão de vendas é sempre do próprio empreendedor.
Fonte: E-commerce Brasil