A trabalho ou de férias com a família, nenhuma viagem é imune a imprevistos. Mas muitos contratempos podem, sim, ser evitados – de uma doença grave para a qual já existe vacina a uma simples bolha no pé, provocada pelo calçado novo que deveria ter sido amaciado com antecedência. Veja a seguir uma lista dos cuidados que você precisa ter antes, durante e até depois do passeio para garantir o seu bem-estar.
ANTES DE VIAJAR
Consulte um médico: cerca de um mês antes do embarque, busque um especialista em Medicina de Viagem. Trata-se de uma área relativamente nova no Brasil e que, em geral, é exercida por infectologistas. Nos municípios em que não exista essa especialidade, você pode consultar, ainda, um clínico geral ou, no caso das crianças, um pediatra. “O mais importante é que o profissional esteja familiarizado com esse tipo de atendimento. Como há diversas doenças infecciosas que podem acometer os viajantes, muitas vezes os infectologistas é que têm mais familiaridade com o tema”, explica Káris Rodrigues, infectologista do Centro de Informação em Saúde do Viajante (Cives), da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
No Centro, primeiro serviço do tipo implantado no país, o aconselhamento a viajantes é uma consulta médica gratuita, agendada por e-mail (veja no site). Em outras regiões do país também podem ser encontrados ambulatórios ou centros de orientação para a saúde do viajante, indicados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Se necessário, tome vacina: além de avaliar se as condições de saúde do viajante requerem alguma atenção especial, o médico consultado poderá indicar a imunização com vacinas. A contra febre amarela é obrigatória para o ingresso em alguns países e deve ser administrada pelo menos dez dias antes da viagem. Também há outras vacinas recomendadas conforme o destino.
“Para quem vai à Meca, na Arábia Saudita, durante o período de peregrinação muçulmana, por exemplo, também se recomenda vacinação contra meningite meningocócica”, diz o infectologista Marcellus Costa, responsável pelo Centro de Medicina de Viagem da Fundação Oswaldo Cruz. “Informe-se nos centros de orientação ao viajante da Anvisa se existe indicação de vacina para o destino da sua viagem”, recomenda o médico.
Contrate um seguro de saúde: o seguro é recomendado sobretudo para quem vai viajar a países onde os custos médicos costumam ser muito altos. Os preços variam conforme o local, o tipo de viagem e a cobertura. “É importante saber que alguns seguros não cobrem nenhuma atividade de aventura, mesmo trekkings”, diz a infectologista Káris Rodrigues.
Confira, também, se o país para onde você vai tem algum acordo internacional que permita a cidadãos brasileiros utilizarem a rede pública local. Para se beneficiar do acordo, é necessário obter um Certificado de Direito a Assistência Médica. Para saber mais, acesse o site.
DURANTE A VIAGEM
Leve seus remédios: os medicamentos com prescrição médica dos quais o turista faz uso contínuo devem ser levados em quantidade suficiente para durar durante toda a viagem. Em roteiros internacionais, recomenda-se que os remédios sejam levados na embalagem original, junto com a receita médica, com o nome do paciente, a indicação e o tempo de uso.
“Se houver relatório do médico em inglês,melhor ainda”, diz Gustavo Henrique Johanson, infectologista do Ambulatório de Medicina do Viajante da Universidade Federal de São Paulo. Mas vale ficar atento ao volume dos recipientes: as normas de segurança aérea só permitem levar na bagagem de mão medicamentos líquidos de até 100 ml.
Use roupas e calçados confortáveis: conforto é prioridade quando se trata de escolher roupas e calçados para a viagem – e não apenas para prevenir incômodos simples, como uma prosaica (mas insuportável) bolha no pé. Evitar roupas e sapatos muito apertados também é uma das recomendações para a prevenção de um problema bem mais sério, a trombose venosa, que é a formação de um coágulo no interior do vaso sanguíneo (o trombo). Ele ocorre geralmente nos membros inferiores, quando o passageiro fica muito tempo imóvel.
Em longas viagens, especialmente as de avião, é importante que o viajante movimente pernas e pés pelo menos a cada três horas, mesmo que permaneça sentado. Também se recomenda beber bastante líquido e evitar bebidas alcoólicas e sedativos. Quando existem fatores de risco, o médico pode recomendar o uso de meias de compressão e até medicamentos anticoagulantes. “Obesidade, tratamento de câncer, idade avançada e cirurgia recente são alguns dos fatores que aumentam o risco para a trombose”, afirma Johanson.
Evite o jet lag: o mal-estar provocado pela diferença de fuso horário nas viagens mais longas pode ser amenizado com algumas medidas simples. Segundo o médico Gustavo Johanson, o ideal é que, antes mesmo de viajar, o turista vá alterando a sua rotina diária gradativamente, aproximando-a, tanto quanto possível, da que terá no seu destino. Durante a viagem, deve-se evitar a ingestão de álcool e cafeína.
As pequenas sonecas, por outro lado, são recomendadas. Para favorecê-las, vale a pena lançar mão dos tapa-olhos e tapa-ouvidos. No local de destino, o viajante pode se expor à luz solar caso precise ficar acordado. “Se você chega no Japão durante o dia, mas o organismo ainda sinaliza que é noite, a exposição à luz solar inibirá um hormônio chamado melatonina, que induz ao sono”, diz o médico. Quando a diferença de fuso é muito grande, é possível apelar para medicamentos, prescritos por um especialista. “Uma alternativa é administrar a melatonina sintética para tratar a insônia”, explica Johanson.
Cuidado com o que ingere: a chamada “diarreia do viajante”, provocada por ingestão de alimentos ou água contaminados, é um dos problemas de saúde mais frequentes no turismo, diz a infectologista Káris. Para passar longe, evite comprar comidas de ambulantes; prefira alimentos cozidos e beba somente água mineral. Se tiver dúvidas em relação à procedência da água, recorra à água gaseificada, mais difícil de ser adulterada.
Xô, insetos: em regiões tropicais, proteja-se dos mosquitos. Assim, além de evitar o incômodo de uma picada, você se previne de doenças como malária e dengue. O infectologista Gustavo Johanson sugere o uso de repelentes à base de Icaridina, que é bastante eficiente contra o Aedes aegypti (transmissor da dengue) e tem durabilidade de até 10 horas. A Anvisa libera o uso desse produto para crianças a partir de dois anos de idade.
APÓS A VIAGEM
Se pouco tempo após o retorno surgirem sintomas como febre, diarreia, problemas de pele ou respiratórios, procure imediatamente um serviço de saúde e informe os locais por onde passou. Passeios em cavernas, grutas e áreas rurais, picadas de insetos e contatos com outras espécies de animais, por exemplo, devem ser relatados. Seja qual for o problema de saúde, quanto mais precoce o diagnóstico, melhor.
Fonte: Uol Viagem